quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Um Conto... Algumas Possibilidades... Duas Esperanças...

quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Era uma manhã de sexta feira de um tempo fechado, cinza e feio, uma garoa fina com um vento gelado que cortava a atenção de qualquer pensamento absorto. Ele pensava muito nas situações e atitudes que determinavam o fim de um relacionamento, o mais duradouro que tivera ate então. Olhou para seu relógio que marcava 07:45, percebeu que estava adiantado para o serviço, e que daria tempo para um desjejum, entrou em uma padaria a caminho de onde trabalhava pediu um chá mate quente para se esquentar e um pão de queijo aparentemente fresquinho fumaçando, embaçando o vidro da estufa pelo calor. A agitação das pessoas ao tomar o café da manhã, faladeiras e impacientes, era menos incomodo que o vento gelado que o impendiam de continuar seus pensamentos, matando sua fome era ate mais facil de retoma-los. Não achava facil se conformar afinal foi um tempo da sua vida que dedicara para que seu relacionamento desse certo, tempo e dinheiro investido para que? Para agora se ver amargar em imaginações de como poderia ter sido? Estava quebrando uma promessa que fizera para si mesmo, de que não irritaria mais com estas questões, e que tentaria com todo esforço se colocar acima da servidão em que se inclinara durante o ardoso processo de se construir uma vida a dois. Pagando sua conta, se confundiu como troco que recebera do atendente, por estar distraido se achando confuso nessa sua nova conduta, mas não se importou como troco era uma quantia ínfima, e o seu tempo ja estava ficando apertado para se ater com ninharias.
Comprimentou a todos do trabalho como o de costume, ate de quem não tinha muita simpatia, mas não o deixaria de fazer pois era contra seus principios, ser educado com quem temos certos restritos, para ele era uma maneira de tornar a vida social mais leve, via de uma forma, a facilitar as coisas, principalmente se dependesse daquela pessoa para alguma coisa ou favor futuramente, dificilmente encontraria uma recusa. De certo era revoltante as vezes não se obter essa reciprocidade, perdera as contas de quantas vezes contara ate dez para não explodir em palavras, mas antes de chegar ao sete se continha, mantendo a razão apostos. Na convivência com a sua ex, era igual, ficava irritado ao se lembrar disso, por achar que tinha sido passivo demais em todos os momentos evitando conflitos: " se ao menos eu tivesse aceitado as brigas..." pensava, mas não importava mais, o passado pertencia ao passado, e o que tentava focar agora era na forma talvez ate displicente de se relacionar com o sexo oposto, via no supérfluo das situações corriqueiras uma forma de escapar de si e de seus fantasmas do passado, e olha so que maravilha, (pensava) ainda teria cama com mulheres diferentes quando quisesse se esforçar para isso, afinal por que não aproveitar das regalias de ser solteiro?
 Era daqueles caras que em um circulo de amigos não se queria ter como rival para conquistas de uma mesma mulher em interesse, inteligente, íntegro, bem humorado quando queria  (não tanto ultimamente) eloquente, sabia conduzir uma conversa para o rumo que fosse, boa pinta de fato.


No trabalho o dia transcorria sem muitas surpresas, fez o que tinha que fazer de uma forma mecanizada com o minimo de atenção possível no que fazia para não ser chamado a atenção, mas por hora e outra se deliciava com lembranças de suas ultimas façanhas sexuais, para ele depois de tanto tempo com a mesma mulher, que já conhecia todos os trejeitos e manhas de como ela evitava ou buscava o sexo, (no final, mais evitava, realçando suas suspeitas) era diferente, agora era com uma oportunidade para se avaliar como amante na cama. pois os acontecimentos de um passado recente o deixaram na duvida, se era tão bom quanto achava. Mas tinha se firmado aliviado com os casos que teve ao longo de algumas semanas, constatando que sexo não fora o principal precursor do fim do que tivera. Lembrou de ter ficado feliz por isso com a terceira mulher com quem dormira junto nessa sua nova vida de solteiro, terceira essa que justamente que não quis ir para um motel, dizendo na cara dele que não queria ele a tratasse como qualquer uma, o levando para casa dela, apos um jantar, que ele previa sem muitas expectativas, por não ver nada nela que aparentemente pudesse ter afinidade com ele, ela era quase o oposto da sua ex, e algumas vezes a julgou ate vulgar pelos decotes e saias que usava.
Assinando papéis em sua mesa, esbouçou um leve sorriso, por ter sido surpreendido  por aquela dama de decote acentuado, que notara a algum tempo já que ela mexia o colo as vezes para lhe chamar a atenção, (caso que o fez a convida-la para jantar). Ela o tinha o impressionado de certa forma, era falante mas na medida certa, bem humorada, não falava muito de si deixando a conversa mais propicia a comentários e observações. Apreciava jazz assim como ele, com interpretes e compositores em comum, principalmente Billie Holiday, gastando assim alguns minutos falando de músicas que marcaram ambos. Tinham também gostos parecidos por escritores e cineastas em comum, algo como Dostoiévski, Kafka, Clint Eastwood e Woody Allen. 
Estava perto de terminar o expediente, os amigos solteiros e até alguns casados, do trabalho iriam se reunir (claro) como toda sexta feira paulistana em algum barzinho da cidade para descontrair, o convidaram, mas este recusou dizendo que tinha outros planos.
Pensava em ir de novo a casa daquela mulher de conversa e cama tão agradável, saiu do serviço, rumo a uma adega, comprou o mesmo pinot noir que tomaram na outra noite. Não queria ligar para ela avisando que iria, sabia que ela saia um pouco tarde do trabalho, e pensou em fazer uma surpresa. Ele foi para sua casa, tomou um banho e fez a barba ao som de Fígaro, Largo Al Factotum, interpretado pelo seu tenor favorito, Pavarotti, fazer a barba com gosto, exige esse ato do Barbeiro de Sevilha. Passou seu melhor perfume, algo novo que a impressionasse, se trocou rápido, pois no seu rádio relógio já marcava 21:45, de uma sexta feira fria e chuvosa ate então. Pegou o vinho entrou em seu carro, ligou o som, tocava ocasionalmente Let's Stay Together, do Al Green.
Estava entusiasmado,  esperançoso como a tempos não estivera, 
estava querendo se apaixonar!




                                             Al Green - Let's Stay Together
                  









4 comentários:

Luna Sanchez disse...

Eu não gosto de surpresas (e isso inclui visitas) mas adoro romances em potencial!

;)

Um beijo.

Artur César disse...

poutz somos dois então Luna, principalmente pra visitas inoportunamente sem ser anunciada! As vezes nas melhores das intenções somos inconvenientes, incomodamos! quem garante que ela estará la? E esperando por uma visita justo dele que sumiu?

é muita pretensão!

dois beijo =]

Lívia Azzi disse...

O amor é um quebra cabeças incompleto. Inicialmente parece possível completar todo cenário. No decorrer dos anos, percebemos que sempre faltam algumas peças. Haja erotismo para manter a relação a todo vapor! Talvez, o segredo seja contemplar as peças vazias, imaginando um cenário completo, mas sem acrescentar nenhuma peça para não estragar a paisagem.

Bom voltar, Artur!

Lívia Azzi disse...

Nenhuma peça extra, diferente das do cenário incompleto... Risos!

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