Encontrar alguém para se completar,
achando que sem mais ninguém
nenhum passo se pode dar.
Uma ilusão cretina, uma muleta embutida,
não se chega a nenhuma solidão acompanhado,
é costume culpar os outros, quem se sente machucado.
Mirar o lado errado de uma história,
é sempre o mais digno de pena,
é sempre onde encontram-se as perdas.
Mirar o lado certo dos fatos,
é mais estreita a saída, sempre gritando
que, a dádiva, a vida, é tão indigna.
Em nenhum espelho nunca enxergamos
nos mesmos,apenas vemos o que queremos.
Os defeitos, sempre tão perfeitos.
As virtudes, ignoradas em um canto imundo e escuro.
E nunca se curva para a vida por ser abençoado,
e sim somente para recolher os cacos.
Quando perto, desejamos ir mais longe,
é no longe percebe-se que já esteve perto,
e então resignado, se faz a volta, o amargo regresso.
Artur César
11/01/2013
13:04
3 comentários:
Texto novo *.*
LINDO!
Por inocência, inexperiência ou medo, tantas vezes buscamos um "encaixe", e não raro esse encaixe aprisiona.
Um passo depois do outro, meu bem, é só assim que se consegue trilhar grandes caminhos.
Fico tanto tempo longe, sem te ler, mas quando recomeço, sinto o vento renovador que as tuas palavras sempre, sempre me trazem.
Que delícia isso!
Um beijo grande.
Saudades. Muitas!
Olá, Artur,
Grande tema neste texto poético: o velho mito da "metade da laranja"; das "almas gémeas"... às vezes até pode dar certo, mas que não seja a única finalidade de vida, a busca dessa "muleta", concordo.
"Em nenhum espelho nunca enxergamos" - somos muito críticos com os outros e pecamos quando se trata de nos avaliarmos.
E por fim, a constatação de que andamos na realidade a apanhar cacos em vez de louros.
Bom demais.
Abço amigo
Carmem
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